Cuiabá pode estar diante de uma nova promessa do Kickboxing e das Artes Marciais Mistas (MMA), após a vitória de João Lucas, atleta mato-grossense de 21 anos, que treina na capital, na Copa Brasil de Kickboxing, em Cascavel no Paraná, na última semana.
Estabelecido em Cuiabá desde o início de 2024, João Lucas Nobres Silva, ou apenas JL, veio de Diamantino, no interior do estado, em busca do sonho de viver das artes marciais. Em 2023, o atleta já havia demonstrado potencial ao conseguir o 3º lugar na Copa Brasil de Kickboxing, mesmo com uma rotina de treinos distante de um grande centro e de melhores condições.
Direcionamento de vida
Para o atleta, a luta não representa mudança apenas no endereço, mas no bem-estar e estilo de vida. “A arte marcial me fez acreditar muito em mim mesmo, me trazendo coragem e confiança”, declara o jovem lutador.
A vinda para a capital, um movimento natural de quem tem potencial no esporte, foi a convite do treinador Julio Matos, para uma aproximação da equipe e melhores treinos, mas representou um desafio pessoal. “Foi muito difícil sair de perto da família, que era meu porto seguro, mas foi necessário pro meu aprendizado e evolução como pessoa e como lutador”, explicou JL.
Ele conta que até o convite a estrada foi árdua também, desde os 16 anos, João treinava sozinho, ou seja, sem equipe, apenas com apoio de amigos, mas ele identificava que precisava de mais e foi atrás. “Eu mandei mensagem para o Julio, porque eu lutava sozinho e tem competição que você precisa de uma equipe. Eu não queria nada, só uma equipe pra representar. Ele me recebeu, eu fiz o teste na Striker Top Brothers, cheguei a competir em Mato Grosso do Sul, ganhei em duas modalidades e tô nessa equipe até hoje, eu morava no interior e competia por eles, sempre levando o nome de Cuiabá, porque a equipe é daqui”, detalhou a trajetória.
Antes de Cuiabá, o atleta ainda passou por Arenápolis e Nortelândia, e ele conta que na chegada foi muito difícil concentrar nas artes marciais, já que havia chegado só com a mala e precisava trabalhar para se manter e depois conseguir treinar. “Eu gastava energia de umas três pessoas e comia por uma. Essa era a parte mais difícil, eu tava sozinho, precisava trabalhar pra me manter e conseguir treinar forte, enquanto os competidores as vezes viviam só disso. Era muito mais difícil, mais desafiador”, contou emocionado o atleta.
Potencial reconhecido e mais gente no “córner”
Prova de que uma trajetória de sucesso, mesmo com momentos de luta solitária, precisa de amigos e parceiros que acreditam, João Lucas conta ainda que em Cuiabá, aos poucos, foi encontrando pessoas que acreditaram na capacidade de conquista do lutador. “Em Cuiabá fiz muitas amizades, que me ajudaram muito a me manter em alto nível como atleta. Eu treino na Steel, com o treinador Kalu, que me ajuda na parte física, com os treinamentos de força específico pra luta. Sempre vou na academia do Hernandez e lá tenho a ajuda do Nathan Siqueira, que é um grande lutador que acreditou muito em mim e sempre me ajuda na parte técnica da luta”, lembrou de quem contribui para esse sucesso.
Desafio pra seguir no esporte
O atleta reforça ainda que os patrocínios são muito importantes pra participar das competições. Os gastos são altos com passagens, hospedagens, suplementação e uma boa dieta. Por isso, para participar da última Copa Brasil de Kickboxing, em Cascavel, no Paraná, João precisou fazer uma rifa, com números avalizados em R$ 10 reais para conseguir juntar mais dinheiro e custear a ida à competição.
Hoje, o atleta busca vaga em eventos profissionais e também no MMA, já que o esporte possui maior visibilidade. “Quero a oportunidade de lutar em um evento profissional como o WGP, e penso em migrar logo pro MMA que é a modalidade mais famosa de combate da atualidade”, sinaliza.
Para se manter, atualmente, além das competições, João Lucas trabalha dando aulas de kickboxing e convida a quem tiver interesse em se desafiar e aprender algo novo a procurar o perfil dele no instagram, em @jlnobres.
