O delegado Pablo Carneiro detalhou o funcionamento do chamado golpe da falsa corrida e fez um alerta à população para que redobre os cuidados ao se inscrever em eventos esportivos pela internet. Segundo ele, a fraude combina páginas virtuais muito bem-feitas, divulgação em massa e ofertas aparentemente irresistíveis para coletar dados pessoais e bancários das vítimas.
“A primeira coisa é a criação dessa página falsa na internet. É uma página muito convincente… hoje não precisa ser um programador para conseguir fazer uma página de alta qualidade”, explicou Carneiro em entrevista ao SBT Comunidade.
Como o golpe funciona
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Criação de site falso: páginas com aparência profissional e elementos que dão sensação de veracidade (logos, imagens de edições anteriores, formulários de inscrição).
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Divulgação massiva: envio por WhatsApp, SMS e anúncios patrocinados em redes sociais (Instagram, Facebook) para impulsionar o alcance.
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Ofertas atrativas: inscrições com valores muito abaixo do mercado e kits “muito robustos” para atrair e convencer as pessoas. “A gente só falta oferecer um iPhone”, ironizou o delegado, destacando o artifício.
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Formulário convincente: durante a inscrição a vítima fornece nome, CPF e dados do cartão — às vezes até códigos de verificação — em páginas que simulam checagens de segurança (captchas etc.).
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Coleta de dados e uso malicioso: com nome, CPF e dados do cartão os golpistas podem clonar cartões e realizar compras e saques na conta da vítima.
Sinais de alerta
Pablo Carneiro reforça que alguns sinais exigem desconfiança imediata:
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Descontos exagerados em relação ao valor praticado normalmente; “a esmola tá demais”, afirmou o delegado.
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Ausência de histórico: se não há registro de edições anteriores do evento, desconfie.
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Organizador não identificado: todo evento sério informa claramente o organizador e contatos oficiais.
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Anúncios patrocinados isolados: links impulsionados por anúncios podem ser usados para dar falsa legitimidade à página fraudulenta.
Como se proteger
O delegado e a equipe indicaram medidas simples e eficazes para reduzir o risco:
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Verificar a oficialidade do evento: consulte o site da federação de atletismo do estado ou do município — as federações mantêm calendário oficial de corridas.
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Fazer a dupla verificação: saia do link recebido, abra o navegador e busque diretamente pelo site oficial do organizador ou da federação.
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Checar o site com calma: procure o cadeado (HTTPS) na barra do navegador e examine informações de contato e histórico do evento.
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Usar cartão virtual: ao pagar, prefira cartões virtuais gerados pelo banco para transações únicas; bloqueie o cartão virtual após o uso.
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Contatar o organizador: em caso de ofertas muito vantajosas, ligue ou envie e‑mail ao organizador para confirmar a promoção.
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Desconfiar de ofertas “boas demais” e evitar fornecer dados completos do cartão em páginas cuja procedência você não confirmou.
Pablo Carneiro informou que, até o momento, não há registros confirmados desse golpe em Mato Grosso, embora o esquema já tenha circulado em praças como São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda assim, o delegado ressaltou que “tudo que chega primeiro em São Paulo os golpistas daqui começam a copiar”, e que o alerta precoce é essencial para evitar prejuízos.
Conscientização e prevenção
“Se essas pessoas usassem essa criatividade para o bem, teríamos um mundo melhor”, lamentou o delegado ao comentar a engenhosidade dos criminosos. Ele também anunciou que a Polícia Civil lançará em novembro uma corrida oficial — e reforçou a importância de os cidadãos verificarem informações em fontes oficiais antes de concluir pagamentos.
A recomendação final é direta: antes de clicar e pagar, verifique, confirme e, se tiver dúvidas, não conclua a inscrição. Com precaução e pequenas checagens, é possível reduzir drasticamente a chance de cair nesse tipo de golpe.