O vereador Marcos Vinícius Borges (PSDB) pode ter o mandato suspenso após ser acusado de debochar da condição clínica do jornalista Leandro Nascimento em uma rede social. O regimento interno da Câmara de Vereadores de Sinop prevê que ofensas verbais e o uso de expressões que atentem contra a honra de terceiros configuram quebra de decoro parlamentar e podem levar a sanções que vão de censura verbal à suspensão do mandato por até 120 dias.
O episódio ocorreu depois que o vereador foi à página do jornalista, em uma rede social, e comentou no vídeo com a crítica os seguintes questionamentos: “Tá frio lá? Pq ele está tremendo?”. Ou seja, o parlamentar comentou na postagem perguntando se estava frio, em referência ao tremor essencial do jornalista, um distúrbio neurológico crônico que provoca movimentos involuntários.
O comentário foi apagado minutos depois, mas já havia sido registrado por captura de tela. Leandro Nascimento disse ter sido surpreendido pelo deboche, afirmando que sempre tratou assuntos profissionais de forma ética, evitando expor a vida pessoal de qualquer pessoa.
“E fui pego de surpresa, pois no vídeo que eu faço um comentário, não cito o vereador em momento algum, ele simplesmente foi lá e fez um comentário preconceituoso e ao mesmo tempo da minha vida pessoal. Isso mostra a imaturidade dessa pessoa”.
O jornalista ressaltou que o caso ocorreu durante o mês de setembro, voltado à atenção à saúde mental, e que o comentário de um político sobre sua condição neurológica foi inesperado e desrespeitoso. “Se a gente que trabalha na imprensa é tratado assim, imagina um eleitor comum? Como que essa pessoa é tratada é por esse político”, questionou o jornalista.
O presidente estadual do PSDB, deputado Carlos Avallone, repudiou a conduta do vereador. “Na condição de presidente do PSDB de Mato Grosso, repudio qualquer tipo de discriminação, injúria ou ofensa contra qualquer pessoa”, disse o deputado, confirmando a abertura de um procedimento interno no partido para apurar o caso.
A deputada estadual Sheila Klener (PSB) se posicionou publicamente sobre o caso. Ela afirmou que “repudia qualquer tipo de ofenda e destacou que a politica deve ser espaço de ideia e não ataques infelizes e pessoais”.
O jornalista disse que pretende levar o caso à Justiça para garantir que outras pessoas com tremor essencial não sofram situações semelhantes. Até o momento, o vereador não se posicionou publicamente sobre o comentário.